12. E não sendo aquele porto cômodo para invernar, a maioria deles era de parecer que se partisse dali para ver se podiam chegar a Fênice, que é um porto de Creta que olha para o lado do vento da África e do Coro, e invernar ali.
13. E soprando o vento sul brandamente, lhes pareceu terem já o que desejavam, e alçando vela, foram de muito perto costeando Creta.
14. Porém não muito depois desencadeou-se um pé de vento, chamado Euro-Aquilão.
15. E sendo o navio arrebatado por ele, e não podendo navegar contra o vento, nos deixamos ir à deriva.
16. E correndo abaixo de uma pequena ilha chamada Clauda, apenas pudemos recolher o bote;
17. Levado este para cima, usaram de todos os meios, cingindo o navio; e temendo darem à costa na Sirte, arriadas as velas, assim foram à deriva.
18. E sendo nós violentamente açoitados por uma tempestade, no dia seguinte aliviaram o navio.
19. E ao terceiro dia nós mesmos, com as nossas próprias mãos, lançamos ao mar a armação do navio.
20. E não aparecendo, havia já muitos dias, nem sol nem estrelas, e oprimindo-nos uma não pequena tempestade, fugiu-nos toda a esperança de nos salvarmos.
21. E havendo já muito que não se comia, então Paulo, pondo-se em pé no meio deles, disse: Teria sido, na verdade, razoável, ó homens, ter-me ouvido a mim e não partir de Creta, e evitar assim este dano e esta perda.
22. Porém agora vos admoesto a que tenhais bom ânimo, porque não se perderá a vida de nenhum de vós, mas somente o navio.